quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O Carnaval de Ovar - Parte I

Como prometido, eis um post sobre este evento, nesta cidade, que marca a vida de todos os Ovarenses e não só: O Carnaval de Ovar

Não podia deixar de partilhar este acontecimento já que o vivo de forma intensa (não tão intensa como gostava e desejava e como outras pessoas o vivem - confesso)

Decidi então dividir em partes. Esta inclui a história, a abordagem, o contágio da magia que sai às ruas desta cidade. E segunda (e talves mais - porque não??) serão com fotos.

Como é óbvio (27 anos não me permite conhecer a história desde o seu ínicio), fiz uma pesquisa sobre o Carnaval em Ovar e eis que partilho agora. Desculpem a extensão de texto, mas tudo na vida tem uma história... tem um começo, meio e fim e de outra forma não o podia fazer.

De qualquer forma, acho que vale a pena saber...

"Organizado desde 1952, o Carnaval de Ovar é o maior acontecimento turístico da região, atraindo anualmente dezenas de milhares de visitantes. A preparação do Corso Carnavalesco envolve, durante todo o ano, os figurantes e suas famílias que executam, eles próprios, os trajes, as máscaras, as fantasias, os enfeites e os carros alegóricos, ricos de exotismo, criatividade e humor! Durante cerca de um mês, multiplicam-se os bailes, as brincadeiras, as travessuras, as iniciativas culturais e o Desfile de mais de 2000 foliões vareiros distribuídos pelas Escolas de Samba, Grupos e humoristas individuais.

O colorido, a fantasia, o ritmo, o humor e a alegria do Carnaval invadem as ruas da cidade de Ovar!

Ovar foi sempre uma terra sossegada e calma. Os "sinais exteriores" de desassossego que caracterizam a vida moderna chegaram a cidade há relativamente pouco tempo. Até há quarenta anos – ou menos –, discotecas e bares não os havia, e mulheres nos cafés, à noite, contavam-se pelos dedos. Apenas em duas ocasiões excepcionais o bulício do "mundanismo" fazia a sua efémera aparição anual na praia, no verão, e no carnaval, no inverno.

Nesses tempos, diz-se que os vareiros – "eles" e "elas" – perdiam alguma vergonha no carnaval. De certo modo assim era, porque até onde a memória nos leva, vemos o Carnaval em Ovar como a válvula de escape da loucura que os vareiros domavam dentro de si. E durante os três dias e as três noites, longas quanto baste, que antecedem a quarta-feira de cinzas, "eles" e "elas" trocavam entre si as momices que a quadra exigia… e que a moral só permitia nessa quadra.Após 1945, termo da II Grande Guerra, nos vários bairros, começaram a organizar-se grupos de amigos e conhecidos – primeiro porque, em grupo, a vergonha era mais fácil de perder, depois porque o número aumentava a força.


Não tardou muito que o bairrismo começasse a espicaçar as ideias. As rivalidades foram aguçando artes e engenhos.

Começaram a aparecer os carros dos bairros e a fama do Carnaval de Ovar correu célere. As ruas do centro da então vila enchiam-se de gente no domingo gordo e na terça-feira seguinte.
Chega-se a década de 50, a farra já não era só ao domingo e terça – sábado a noite já se dançava oficialmente e a segunda-feira, pelo menos à tarde, era incluída, no calendário folião de centenas de famílias ovarenses. E antes, havia os preparativos e os ensaios. Já haviam mascarados na noite do Ano Novo.

Em 1952, dá-se, a "domesticação" do Carnaval. Sonhou-se uma festa que cumprisse dois objectivos: a "institucionalização" da alegria carnavalesca e a exploração do Carnaval como cartaz turístico poderoso.

O Carnaval Sujo, se não tivesse morrido às suas próprias mãos, vítima dos seus inevitáveis exageros, teria sossobrado as leis e regulamentos que foram aparecendo. Que calhas poderiam guiar, que fronteiras poderiam conter a guerra das terças-feiras? Era impossível! O fim de festa era nuvens de vários pós, do carvão ao ocre, do cré a serradura e nada ficava como era, onde e quando a orda dos "combatentes" passava. Durante mais ou menos 60 minutos, isto é, entre dois toques da sirene dos bombeiros, instalava-se no centro da vila (a cidade já não conheceu esta farra) a mais completa, nevoenta e barulhenta anarquia.

Dos camiões rolando, derrapando, grunhindo, chiando – uns para cima, outros para baixo, uns de frente, outros de lado ou de marcha a trás –, chovia preto, jorrava amarelo, chispava branco e tudo se misturava no ar empestado de perfumes a condizer para cair de chofre ou lentamente, em cartuchadas pesadas ou em baforadas suaves, sobre os beligerantes e apanhando pelo caminho fugitivos pouco lestose neutrais distraídos.

Portanto, em 1952, nasce o Carnaval organizado.


Aníbal Emanuel, Torres Pereira, José Maria Graça – deles partiu a ideia de um Carnaval organizado.



No ano seguinte, o êxito repetiu-se de tal maneira que, em 1955, o Carnaval vareiro, na terça-feira, "deslocou-se" ao Porto, onde participou no Corso dos Fenianos. Estava lançada, em termos nacionais, a "grande festa vareira" também apelidada de "VITAMINA DA ALEGRIA".


Cumpria-se um dos desígnios da "oficialização" do Carnaval de Ovar, que, em 1964, foi premiado pela Câmara com a deliberação de considerar a terça-feira de Carnaval como dia de feriado municipal.Em 1961, "ventos progressistas" chegam ao entrudo e, pela primeira vez na sua história de quase 10 anos (até 1952 foi a "pré-história"), a Raínha do Carnaval foi uma mulher "propriamente dita", isto é, adoptou-se, também no Carnaval, a "regra geral", a normalidade, que substituiu o uso de o Rei casar com uma Rainha-Homem.
Ano após ano, a norma ganha terreno e o Carnaval segue entre barreiras e vedações, rege-se por regras e convenções. A espontaneidade, o inventar hoje para usar amanhã, vão dando lugar ao planeamento.

Actualmente, o Carnaval pensa-se, arquitecta-se, planeia-se para períodos de dois ou mais anos. Trata-se de um objectivo, de uma estratégia em que se investem somas já consideráveis.

António Salvador ascende ao "Trono" em 1970 e faz 14 reinados, em séries intervaladas por algumas "usurpações". Foi o maior e morreu de ceptro na mão e coroa na cabeça, como compete a qualquer rei que se preza.E vamos andando até 1976, ano em que, após um democrático intervalo em 1975, Momo faz a revisão possível da sua vida passada. E saíu um Carnaval algo precário. Uma retrospectiva para preparar o futuro.


Pela primeira vez, em 1963, o "corso" sai nos dois dias grandes do Entrudo: domingo e terça.

A "Costa de Prata" sai, como projecto de escola de samba, em 1983. No ano seguinte, é a primeira pronta e acabada. Foi um êxito, que marcou irremediavelmente o Carnaval Vareiro. O aparecimento definitivo da "Costa de Prata", define a passagem, na história do entrudo vareiro, da idade moderna para a contemporânea, caracterizada, fundamentalmente, pela ditadura do samba, que se expande como epidemia incontrolável.

Seja como fôr, o Carnaval de Ovar, mau grado as corruptelas e importações, continua a ser, sem dúvida, o maior, o melhor e o mais Português de todos os Carnavais Portugueses.

Sentir o prazer do Carnaval de Ovar, a vitamina da alegria, é contagiante e irresistível."

Esta informação foi tirada da página oficial do Carnaval de Ovar, que sugiro que visitem, pois encontrarão imagens, cartazes antigos, curiosidades e o programa...

Confesso-vos que para mim a folia mais mágica vive-se nas ruas, nos cafés em grupos que se vê por toda a cidade. O cortejo também tem o seu marco importante, claro, mas no improviso da rua é que se sente no ar o que toda a gente deseja transmitir durante todo o ano...

Há 3 ou 4 anos atras, numas das noites de carnaval em Ovar, vivi um momento que, de alguma forma, deu algum sentido de ser a esta vibração que sinto quando começo a preparar, a combinar o festejo na rua.

Parei no cimo das escadas junto do Chafariz (perto do Tribunal), olhei à volta e observei o mar de gente que pulava, gritava, brincava, dançava... Pensei nessa altura, enquanto esboçava um sorriso de orelha-a-orelha "Isto é uma loucura!!!".

Talves para os menos amantes desta quadra, seja um pouco dificil de entender, perceber o que se revela quando se fala desta folia, mas na verdade, se em grupo com amigos, famílias e/ou pessoas que gostamos conseguimos viver momentos divertido que mais tarde recordamos com carinho e saudade, então imaginem misturar a esses momentos naturais um pouco de loucura, de "libertação"... as fantasias...

Nas noites de festa, o número de máscaras diferentes, a imaginação das pessoas revela-se de uma forma mágica que contagia toda a gente, desde os mais pequenos aos mais velhos... Nessas noites, por um momento no ano, conseguimos transportar-nos para a nossa infância em que tudo era uma alegria, em que tudo era motivo para brincar e para "sermos" diferentes... ou simples personagens, como nas histórias que nos contavam.

Nesta mistura de magia, fantasia, alegria e diversão o mundo pára e, o dia-a-dia, (quem sabe até os momentos menos bons que nos aborrecem), ficam esquecidos... talves tudo volte passado entrudo, mas... não nos dizem sempre "Vive o momento"??? Mais conhecido pelo "Carpe Diem"... Então??? Acho que devemos aproveitar as oportunidades que temos e se o carnaval é uma delas, para nos libertarmos e vivermos com alegria (fingida ou não), porque não nos permitir esse "engano"?

Saiam à rua! Disfarcem-se! Vivam o Carnaval... de Ovar, na rua, com amigos, familia, desconhecidos!

"A vida são dois dias e o Carnaval são três!!!"

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Biba...

Sê simpatica e adiciona este link... por Arada :D:D:D

http://tolices.aradaweb.net

4:10 da tarde  

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